Publicada em 10/09/2018
Eu sempre gostei de meditação e já li alguns livros sobre o assunto. Em quase todos, os autores sempre aconselhavam: “Seja agradável com seus colegas para eles serem agradáveis com você”. Como se isso fosse a fórmula mágica para sermos queridos pessoal e profissionalmente. Somos orientados, desde muito novos, para sermos cordiais uns com os outros. É como se a gente só conseguisse sobreviver neste mundo se agirmos desta forma. Durante muito tempo confesso que tive certa dificuldade de me posicionar em determinadas situações. Afinal, se eu discordasse ou negasse algo a alguém me tornaria que tipo de pessoa?
Quando entrei no mercado de trabalho, já formado em Economia tive que mudar minha maneira de agir. Deixei de ser o mais legal da turma, o mais amoroso. Aprendi a utilizar meus “nãos” com maior frequência.
A palavra “não” tem um efeito devastador para alguns. Ela provoca incômodo tanto em quem diz quanto em quem ouve. E o mais engraçado é que quanto mais temos dificuldade em negar, mais algumas pessoas nos demandam. Vejo até como uma espécie de egoísmo, muitas vezes inconsciente, que se instala em quem pede. E isso vai sufocando, até que um dia a gente adoece. Ou também explode. E o final da história todo mundo sabe: amizades se desfazem, laços se estremecem e prejuízos no trabalho acontecem.
Como disse anteriormente, culturalmente somos criados para não desagradar as pessoas. Muitos de nós ligamos nossa autoestima à aprovação do outro. É o medo da rejeição. E acabam deixando de lado seus desejos e necessidades porque temem ser excluídas. Quando muito, mergulham num processo de auto anulação. Fico pensando o quanto deve ser sufocante para estas pessoas estarem envolvidas em problemas que não são seus. E que, talvez, elas quisessem o auxílio de alguém para resolver seus próprios problemas ou, até mesmo, alguns momentos de paz. Pior, acabam nas mãos de aproveitadores.
Saber dizer não passa pela confiança em si. O “sim” e o “não” são escolhas. O importante é sabermos qual delas fazer, quando fazer e porque fazer, pois a qualquer momento, vamos ter que utilizá-las.
Já percebeu que, normalmente, quem tem problema em dizer “não”, costuma ter dificuldade em aceitar um “não”?
Na vida pessoal ou profissional, negar é um grande dilema. Li num artigo da consultora Marla Tabaka, onde ela afirma que a arma mais poderosa para que o profissional consiga produzir e não ficar sobrecarregado é aprender a dizer não para si mesmo, para o chefe e colegas de trabalho, para amigos e até mesmo para os clientes.
Ela diz que para começar a mudar, devemos conhecer a si próprio, os anseios, limites, necessidades. É preciso ter coragem para lidar com todos os tipos de reações, tendo a certeza que o clima negativo que será gerado passa muito mais rápido do que a angústia que ficará na gente. É a história do tentar negar sendo gentil. E se a relação se abalar? Bem, neste caso você deve rever se o sentimento que você nutre é recíproco.
Falar “não” é tão difícil quanto aceitá-lo. Mas saiba: NÃO é uma palavra mágica.
“As palavras verdadeiras não são agradáveis e as agradáveis não são verdadeiras.” Lao-Tsé
Magno Andrade – Advogado, Economista e Consultor Empresarial
E-mail: magnoandrade15@hotmail.com
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